O crescimento da competitividade entre as empresas é hoje uma realidade nos mais diversos tipos de mercado. Com a Internet ficou muito mais fácil comprar, comparar preços e conhecer mais sobre os produtos sem nem mesmo sair de casa. Diante deste contexto, a adoção de estratégias que gerem ganhos competitivos torna-se algo cada vez mais essencial.
De acordo com Porter, vantagem competitiva é a capacidade de entrega de valor ao cliente, ou seja, ter o produto no padrão desejado pelos clientes, com um preço que o mercado esteja disposto a pagar e sob melhores condições do que as apresentadas pela concorrência. Para que o produto agregue valor ao cliente é necessário que a empresa desenvolva uma série de atividades inter-relacionadas, desde a compra da matéria prima até a entrega ao consumidor final. Sendo a cadeia de valor, um instrumento que “desagrega uma empresa nas suas atividades de relevância estratégica para que se possa compreender o comportamento dos custos e as fontes existentes e potenciais de diferenciação”; ela representa uma importante ferramenta que permite diagnosticar e analisar as fontes das vantagens competitivas.
Como os ganhos em competitividade são adquiridos por meio da execução das atividades estrategicamente importantes de forma mais barata ou melhor do que os concorrentes, uma abordagem mais sistêmica passou a ser adotada pela contabilidade gerencial, dando origem a Gestão Estratégica de Custos. Sob esta nova concepção, são adotados uma série de procedimentos que visam analisar as atividades estratégicas da empresa, gerenciando os recursos de forma eficiente, buscando reduzir os custos e aumentar a lucratividade da empresa, sem que haja perda da qualidade do produto. Aqui, os custos relacionados ao processo de geração de valor do produto são utilizados para desenvolver estratégias superiores visando o ganho de competitividade no mercado.
A Gestão Estratégica de Custos (GEC) é composta por três pilares fundamentais:
- Análise da Cadeia de Valor: a empresa é dividida em atividades estratégicas criadoras de valor que estão inter-relacionadas desde a compra de matérias-primas até o atendimento do cliente final. Cada componente desta cadeia é relevante e sua análise é feita tanto no âmbito interno: atividades que ocorrem dentro da empresa, quanto no externo: atividades realizadas fora da empresa, mas que se relacionam de forma operacional e estratégica com a geração de valor da empresa (armazenamento, distribuição, etc.), buscando identificar quais elos contribuem ou não para a geração de valor.
- Análise dos Determinantes de Custos: uma vez construída a cadeia de valor, o passo seguinte é identificar e analisar os fatores causais que levam a ocorrência dos custos em cada atividade estratégica. Assim, são apontados os recursos consumidos em cada atividade da cadeia e quais são suas inter-relações, a fim de que posteriormente sejam tomadas medidas que tornem a atividade mais barata ou melhor do que a da concorrência. Vale ressaltar que a importância do custeio de todas as atividades da cadeia externa por parte dos gestores, para que vejam todas as possibilidades de redução de custos da organização.
- Desenvolvimento de vantagem competitiva sustentável: após toda a análise interna da empresa e a sua comparação com os concorrentes, devem ser desenvolvidas estratégias que possibilitem à empresa controlar melhor os direcionadores de custos do que os competidores. Feito isso, caso necessário, deve-se fazer uma reformulação da cadeia de valor, eliminando as atividades que demandam recursos, mas não geram tanto valor para o produto. Aqui a empresa poderá compreender como ela irá se posicionar no mercado em que está inserida, decidindo se fornecerá valor ao cliente por meio da diferenciação ou por um custo menor que a concorrência.
Complementar a esta análise dos custos das atividades estratégicas, também podem ser feitas as demonstrações contábeis de cada elo da cadeia. Dessa forma, é possível obter o resultado final de cada estágio de produção e também, juntamente com o Balanço Patrimonial, torna-se possível o cálculo do Retorno sobre o Ativo, índice que representa o desempenho da empresa levando em conta todos os fatores envolvidos.
Portanto, com a adoção desta gestão estratégica, pode-se compreender melhor o comportamento dos custos e as potenciais fontes de diferenciação, uma vez que passa-se a ter conhecimento de quanto cada atividade relacionada à produção demanda e gera de recursos para a empresa. A análise dos custos na cadeia de valor é, então, mais vantajosa e mais abrangente que a tradicional, pois detecta oportunidades e ameaças; identifica pontos fortes e fracos da empresa; detecta oportunidades de diferenciação; possibilita a inovação não só de produtos, mas também de processos e localiza oportunidades de redução de custos em atividades que não agregam valor.
Escrito por: Marina Perrupato, Gerente de Projetos – UCJ