Para a maioria das pessoas e empresas brasileiras, a contração de financiamento por capital de terceiros é um fator ruim para os negócios. De fato, ao se contrair um financiamento, ele traz consigo o pagamento de juros somado à amortização, o que incorre em aumento dos custos do empreendimento. No entanto, esse não é o único lado. O capital de terceiros pode alavancar os resultados do negócio e reduzir o custo do capital próprio investido no empreendimento.
O custo do capital próprio é o valor pelo qual o dono da empresa deve cobrar de remuneração à sua empresa, pelo fato de ter alocado o seu dinheiro no empreendimento, abrindo mão de investi-lo em outro lugar. Normalmente, ao se analisar a possibilidade de abertura de uma empresa lançando mão do próprio dinheiro, define-se que ela deve render, no mínimo, o que o dinheiro aportado renderia no mercado financeiro para que o investimento valha a pena. Para exemplificar, utilizemos os investimentos em renda fixa, que são aqueles que têm menor risco embutido (títulos do governo, letras financeiras, debêntures, entre outros). Se obtivermos um retorno anual de 10% sobre o dinheiro investido, quer dizer que o empreendimento deveria render, no mínimo, igual ou acima de 10% para que fosse compensador.
Usando números: se uma empresa for aberta utilizando-se R$ 100.000,00, quer dizer que se abriu mão de aplicar o dinheiro em renda fixa para buscar uma fonte alternativa de rendimento. Portanto, caso o recurso fosse alocado em renda fixa, no final do ano o resgate seria de R$ 110.000,00, ou seja, um ganho de R$ 10.000,00. Se esse dinheiro fosse colocado em uma empresa, ela deveria render, no mínimo o mesmo valor que o investimento de renda fixa (10%). No ano seguinte, deveria render mais 10%, e assim sucessivamente. Caso aplicado em renda fixa por 5 anos, o valor final seria de R$ 161.051,00. Ou seja, a sua empresa deveria ter pagado ao seu dono no mínimo R$ 61.051,00 para que não se perdesse dinheiro no custo de oportunidade.
Há ainda o fator risco que pode ser maior para a abertura de uma empresa do que para os investimentos em outras fontes. Vamos supor que o rendimento de papel de baixo risco seja de 10% e o de alto risco seja de 15%, e que você colocará metade do dinheiro em cada uma das opções, buscando o risco médio. Nesse cenário, o seu rendimento anual será de 12,5% de forma que para que esse risco médio seja igual ao risco do seu negócio, este deve render no mínimo 12,5% ao ano, configurando assim o seu custo de capital ou taxa mínima de oportunidade.
Portanto, se o custo de oportunidade de colocar o seu dinheiro em uma empresa é alto e é maior do que a taxa de juros para financiamento, contrair o financiamento fará com que o custo do seu empreendimento diminua. Além disso, ao pagar os juros do financiamento, o lucro a ser tributado diminui e, portanto, o volume de imposto a ser pago também diminui, de forma que o lucro final da empresa será proporcionalmente maior.
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Adaptado de: Gustavo Lara Ferreira – Ex-presidente UCJ