A Demonstração de Fluxo de Caixa Projetado é uma ferramenta de gestão interna que permite antecipar os resultados dos fluxos de caixa (operacional, investimento e financiamento) de forma a tornar real a sustentabilidade financeira, ou seja, gastar menos e ganhar mais.
A Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) passou a ser exigida a partir de 2008 pela Lei nº 11.638/07 e desde então tornou-se o relatório contábil mais eficiente para tomada de decisões no mundo dos negócios. Ela apresenta resumidamente os recursos que entraram e que saíram do caixa em um determinado período.
A importância do planejamento financeiro
Pesquisas apontam que aproximadamente 60% dos novos entrantes no mercado morrem nos primeiros anos de vida. Uma das causas é a falta de planejamento financeiro ou a total ausência do fluxo de caixa e a sua previsão.
As micro e pequenas empresas são as principais responsáveis pelo desenvolvimento da economia do país, mas também são as principais a fecharem as portas no primeiro ano, por simplesmente visarem o lucro sem o planejamento. Assim, surge a principal dúvida dos empresários brasileiros: como manter o meu negócio?
Atualmente, todos possuem um fluxo de caixa por mais simples que seja, fato é que a maioria dos empresários tem certo controle do que entram ou que saem do seu caixa, o controle pode ser por uma planilha, extrato bancário ou até mesmo anotações. A grande dificuldade encontrada por esses empresários está no planejamento, na projeção e na confusão patrimonial entre empresa e empresário.
Entretanto, para que os negócios prosperem e os empresários possam garantir o sucesso longe de perturbações financeiras é necessário seguir alguns passos que permita à empresa antecipar o futuro de forma assertiva. Para isso, é necessário gerenciar o fluxo de caixa, antes mesmo de pronunciar a palavra lucro.
As empresas que conseguem escapar da mortalidade prematura, normalmente avaliam o lucro e o fluxo de caixa. Não é possível privilegiar um e ignorar o outro, tratar de forma superficial o fluxo de caixa pode levar a empresa ao abismo mesmo que ela consiga obter lucros. Isso ocorre devido aos regimes contábeis que tange de forma diferente as demonstrações contábeis. Ou seja, a Demonstração de Resultado do Exercício que fornece ao empresário o seu lucro ou prejuízo é regida pelo regime de competência. Por outro lado, o Fluxo de Caixa é regido pelo regime de caixa.
Regime de competência
Por este regime entende-se que as receitas e as despesas devem ser consideradas para a apuração do resultado do período que se referem e no momento de sua ocorrência, independente do recebimento ou pagamento.
Regime de Caixa
Por este regime entende-se que apenas as receitas e as despesas, respectivamente recebidas e desembolsadas devem ser contabilizadas.
Agora que já sabemos a importância do Fluxo de Caixa e que não devemos ignorá-lo, visto que apenas saber o valor gerado pela Demonstração do Resultado do Exercício não gera insumos suficiente para tomada de decisões estratégicas.
Como elaborar o Fluxo de Caixa?
O Fluxo de Caixa pode ser elaborado de duas formas: direta ou indireta. O método direto destaca as entradas e saídas de caixa. Já o método indireto, mostra as transformações no caixa decorrentes da atividade operacional que são identificadas pelas variações no capital de giro da empresa.
OBS.: Utilizaremos o modelo direto por ser mais revelador e mais facilmente analisado.
Tipo de atividade
- Operacional: diferença entre entradas e saídas de operações relacionadas ao core business;
- Investimentos: aquisições e vendas de ativos imobilizados e participações em outras empresas;
- Financiamentos: amortizações e capitações de financiamentos e o pagamento de dividendos aparecem nesse item.
Após termos o resultado das três atividades teremos um déficit ou um superávit no caixa e equivalente de caixa. Isso permitirá a comparação com Demonstração do Resultado do Exercício e assim será possível obter conclusões necessárias para o estabelecimento de planos de ações. É importante ressaltar que o caixa liquido gerado nas atividades operacionais é responsável por fornecer a necessidade de capital de giro da empresa. Isso permite saber qual será o aporte financeiro necessário em determinado período do fluxo de caixa.
Segundo José Carlos Marion , professor da PUC-SP “sem um fluxo de caixa projetado a empresa não sabe antecipadamente quando precisará de um financiamento ou quando terá, ainda que temporariamente, sobra de recursos para aplicar no mercado financeiro”.
Após entender o processo para elaboração do Fluxo de Caixa podemos planejar e projetar. Com o planejamento financeiro feito você será capaz de saber quais são os gastos recorrentes em sua empresa e como reagir caso ocorra a falta de dinheiro e assim projetar de acordo com as expectativas.
Fluxo de Caixa Projetado: Como fazer?
O planejamento financeiro deve iniciar com a análise de dados históricos da empresa (caso você não tenha dados primários, utilize dados secundários como de players similares). O primeiro alvo para melhorar a situação financeira é cortar os gastos desnecessários. Posteriormente, é necessário a verificação dos gastos variáveis e ver como eles reagiram nos últimos anos, com isso será possível promover ações que possa reduzir esses gastos.
Após analisado o seu planejamento financeiro projete-o. Para que seu Fluxo de Caixa seja passível de projeção é necessário estabelecer o período que ele será planejado. Para isso, leve em conta o tamanho e ramo de atividade da empresa.
Atenção – sobre o Fluxo de Caixa Projetado:
Lembre-se que a sua projeção deve estar embasada nos dados obtidos no seu planejamento financeiro. Quanto mais detalhado for o seu fluxo de caixa, melhor será o controle e a comparação entre o projetado e o real. Dessa forma, será possível verificar quais foram as vantagens e estabelecer medidas corretivas caso ocorra desvantagens.
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