“Foco” é o mesmo que se concentrar em um objetivo qualquer, se planejar e ter persistência para atingir metas, mas nada disso é tão simples. Pensando no nosso “mundo dos negócios”, um gestor possui todas suas obrigações de gestão, que se manifestam presencialmente, por e-mail, por Whatsapp©, por telefone, por mensagem de texto, Skype© e por tantas outras ferramentas digitais.
Ter um bom nível de atenção cognitiva é um dos maiores desafios da sociedade moderna: se concentrar em uma tarefa em meio a tantos outros atrativos se faz desafiador, mas extremamente necessário para a base do sucesso, defende Daniel Goleman, psicólogo e Ph.D. da Universidade de Harvard.
O esforço cognitivo é aquele capaz de selecionar um foco preciso, quando todos os outros são inibidos pelos sistemas cerebrais. Entretanto, sabe-se que uma atenção seletiva em excesso provoca um estresse e uma fadiga mental fortes – estudos da Fundação Oswaldo Cruz mostram que grande parte dos funcionários bancários sofrem distúrbios psicológicos, desenvolvem problemas de saúde graves e sofrem até infarto em idade jovem em função do trabalho desgastante. Mas então, qual deve ser o limite entre a dedicação e o desgaste? A dica é simplesmente investir em momentos de descanso para uma recuperação da cognição.
Um grupo de professores de Harvard afirma que a natureza é a fuga ideal para o estresse do dia-a-dia. Agora, para se evitar essa fadiga mental excessiva, é interessante que a concentração e o foco sejam desenvolvidos ao longo da vida das pessoas. Aqueles que possuem maior facilidade de se concentrar sofrerão menos após esses intensos momentos direcionados. A autoconsciência e o autocontrole são capazes de diminuir drasticamente os efeitos dessa guerra neural entre foco e distração.
Na década 1970, o psicólogo Walter Mischel, na Universidade de Stanford, realizou o famoso “Teste do marshmallow”. O estudo se embasa no convite que Mischel fez a crianças de 4 anos de idade para testar suas capacidades de resistência e controle da tentação. Deixando dois marshmallows em uma bandeja, o psicólogo dizia à criança que ela poderia comer um doce instantaneamente ou poderia comer os dois, quando ele retornasse à sala, 15 minutos mais tarde. Além disso, o ambiente em que estavam foi livre de qualquer material, objeto ou cor que pudessem chamar a atenção e distrair de alguma forma os pequenos (Veja aqui um vídeo do teste). Um terço das crianças resistiu e esperou os longos 15 minutos e foram recompensados com os dois doces e, mais interessante, em demais testes e medidas de controle, essas mesmas crianças receberam as maiores pontuações e se demonstraram possuidoras de uma capacidade surpreendente de realocação estratégica da atenção.
O estudo acima serviu de base para diversas outras pesquisas que comprovaram que o estímulo à concentração e ao autocontrole, desde as primeiras fases da vida das pessoas, está intimamente relacionados ao crescimento profissional assim como a capacidades físicas, de saúde e ao papel social desses indivíduos no futuro. Muitos grandes empreendedores, como Steve Jobs, relataram uma infância repleta de jogos e exercícios que exigiam consideráveis níveis de concentração.
Dentro das empresas, o uso de ferramentas e uma gestão por processos conseguem aumentar o foco dos executivos ao padronizar suas atividades. Ações de planejamento e controle dos diversos setores do empreendimento também são sugeridas: segundo psicólogos, o perfil metódico de um executivo ajuda a garantir a organização de suas atividades e a eficiência do trabalho que executa, e muito disso se dá pelo estado de concentração em que consegue permanecer seguindo processos pré-estabelecidos.
Os longos documentos jurídicos, a complexidade de muitas planilhas financeiras e os manuais de processos são compreensíveis quando o conteúdo rebuscado deles estimula a atenção cognitiva do cérebro humano e aumentam a produtividade dos gestores. Formalizar a gestão é a chave para otimizá-la!
Escrito por Mariana Machado Lasmar, Diretora de Projetos – UCJ
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